domingo, 7 de abril de 2013

A festa de Babette - A saga do feriado 10

PARA COMER




Ainda na sexta, após a surpresa junto a chegada do Diogo (meu brinquedo novo), resolvemos fazer um brunch.

Daí, lógico, após ter assistido ao filme "A festa de Babette", resolvi me inspirar, hehe






O filme é de gênero europeu e tem duração de mais de 1h 40 min.

Trata-se da história de duas irmãs, Martina e Phillippa, que vivem num pequeno povoado na Dinamarca onde seu pai era pastor dessa comunidade. Eles eram bastantes conservadores e o grupo de discípulos do velho pastor se reunia ora na igreja local, ora na casa do próprio líder.

Suas filhas cresceram abrindo mão do matrimônio, embora ainda na juventude Martina tenha sentido algum afeto por um tenente escocês que passara as férias na casa de uma tia que morava próximo a este povoado na Dinamarca. Eles se conheceram, o jovem tenente passou a frequentar as reuniões junto à comunidade na igreja local, mas passado os 3 meses ele retorna ao seu país, deixando entre Martina e ele um sentimento não concretizado, um amor platônico.

Phillippa também conhece um artista violinista que passaria algum tempo descansando naquela região. Eles se conhecem porque o músico é atraído até a igreja do velho pastor ao ouvir a jovem cantando. Logo, o homem pede ao pastor que lhe seja dada permissão de ensinar e desenvolver o canto em Phillippa, o pai consente e as aulas começam. Passado algumas aulas, a moça começa a desconfiar das verdadeiras intenções do violinista e resolve suspender as aulas de canto, para tristeza do músico.

Passam-se muitos anos, e aparece à porta uma mulher que atende por Babette. Ela é francesa e tem em mãos uma carta e um pedido. Ela procura refúgio da Guerra Civil de seu país, e vai para a Dinamarca por recomendação do velho amigo, o mesmo violinista que ensinara canto a Phillippa. Lá as irmãs cedem-lhe abrigo, e por 14 anos ela trabalha na casa limpando e cozinhando para as senhoras solteironas, o que lhes rendeu grande alívio, pois assim elas tinham tempo melhor para caridades e ainda tinham a ajuda de Babette para que as finanças multiplicassem, pois a mulher além de excelente governanta negociava muito bem na hora de comprar os mantimentos para a casa.

Um dia, Babette recebe uma carta da França comunicando que ela havia ganhado uma boa quantia na loteria. Ela informa as irmãs, que, ao tempo em que ficam felizes pela moça, ficam entristecidas em perdê-la.

Em poucos dias, seria comemorado o centenário do aniversário do velho pastor (embora estivesse morto já há anos). Babette faz então seu primeiro e último pedido: que possa organizar o jantar do centenáriomascom a culinária francesa (pois durante os 14 anos ali, ela preparava pratos da cultura local). Elas concordam, e em dias Babette providencia a comida (pois ela fez questão em custear o jantar), a bebida e tudo o que foi preciso.
As irmãs e os poucos 11 discípulos que restaram, temiam que fosse servido a eles, algo que fosse parte de algum ritual satânico, pois tinham uma religiosidade engessada e o que sabiam sobre os costumes alimentares da França estavam relacionados a rãs e coisas do gênero. Eles então combinam em não comentar nada sobre o jantar nem entre eles e nem com ninguém do vilarejo.

Este grupo já não era mais o mesmo desde a morte do velho pastor. Embora continuassem se reunindo como antes, semeavam entre si a discórdia, a intolerância, o desentendimento...
Babette sabia que depois de uma boa refeição, as pessoas não permanecem as mesmas. E não foi diferente naquela festa.

Um ilustre homem foi convidado a participar do centenário, o tenente e agora general, velho conhecido de Martina. A ele, Babette recomendou ao seu ajudante, Eric, que estivesse sempre com a taça cheia. E foi servido sopa de tartaruga, vinhos e champagnesmaravilhosos (cada um para acompanhar cada tipo de prato), caviar, codornas com trufas negras, pratos quentes, frios, bolos, doces, frutas, além de toda elegância da mesa, das louças, prataria, taças etc... Aos poucos o prazer dos alimentos foi amaciando os sentimentos e pensamentos, os corações durosforam alisados pelo paladar, as verdades sendo ditas, o perdão, o sorriso, o agradecimento... A mágica do prazer em estarem juntos foi ali no jantar restituída.No fim do banquete, já na rua, eles se dão as mãos numa grande roda e cantam como crianças... O general vai embora e deixa evidente seu amor platônico por Martina, que corresponde a ele tal sentimento, e eles mais uma vez se despedem jurando um novo reencontro num plano celeste, pois o amor entre eles seria eterno! Sozinhas na sala, Babette junto às duas irmãs revela que a grande chef francesa que o general mencionara durante o jantar era ela. Ela também diz que não retornaria mais à França, pois todos os seus queridos estavam enterrados e que ela também não tinha mais dinheiro, pois utilizou tudo no jantar, porque eram exatamente aqueles pratos que ela produzia na França. Babette revela ainda que mais que fazer pratos, ela fazia arte, e que devia ao amigo violinista a descoberta e amadurecimento de seu dom, pois ele era a única pessoa que enxergou seu talento e sempre a incentivou. Neste momento, Phillippa com os olhos marejados, percebe o errôneo julgamento que fez sobre as intenções do músico e abraça Babette, reproduzindo aos seus ouvidos as palavras contidas na carta de seu amigo: “Seu talento nunca será desperdiçado, pois ainda que os homens não o perceba, ele certamente fará com que os anjos se deleitem no paraíso”.

O filme é lindo, e de uma alma, de uma delicadeza inspiradora! Para mim, o mais surpreendente foi que Babette manteve-se calada sobre seu talento como chef por 14 anos, e serviu com todo amor e doutrina as duas irmãs sem impor a elas seus dotes culinários, pois a comida típica daquele povoado era baseada em peixes, caldos e pão de cerveja.Ela foi humilde e de um amor ao próximo que não cabia no peito. Por fim ainda desprendeu-se de tudo o que tinha para realizar através da comida, a mágica do compartilhar e fazer uma refeição em família à mesa.Babette serviu todo o tempo!

Diria que se este filme fosse baseado em fatos reais, certamente esta festa seria o berço para ser ali introduzida a culinária francesa na Dinamarca.


PARA ASSISTIR

A festa de Babette



*Ficadica
"God bless you!"

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